quarta-feira, 19 de novembro de 2008

TREINADOR

Ao longo da época, mais do que o trabalho táctico cabe ao treinador gerir emoções. Estar à frente de 22, 23 homens, cada um com uma idiossincrasia definida e própria, é muito complicado. Cada atleta é um ser pensante diferente do outro. Ao jogarem 11 jogadores e 7 ficarem no banco, 5 jogadores (às vezes mais) não são chamados para o jogo. É aí que normalmente começam os problemas. Se um treinador não souber gerir a situação, pode o grupo virar-se contra si. Há várias formas de solucionar o problema, apesar de nenhuma ser melhor ou pior do que uma outra. Há quem utilize a convocatória de 19 jogadores, sendo o que fica de fora num jogo, é titular no seguinte. Nestes casos, a equipa tem que ser muito equilibrada, e qualitativamente muito homogénea, em que se tenha a certeza que entre ou saia um atleta, sem que o grupo se ressinta a nível de qualidade.Outros treinadores convocam todos os atletas ao seu dispor, para que, todos eles, se sintam parte integrante do grupo, independentemente de jogarem o não.
O apoio sentido por parte de quem fica de fora poderá ser caracterizante da "estaleca" psicológica do atleta, e da sua solidariedade para com o grupo. As chamadas "azias" não se vêem. Sentem-se. Só um treinador perspicaz a pode "cheirar". Sou da opinião que um jogador ao demonstrar em grupo a sua insatisfação pelo facto de não jogar ou nem sequer ir para o banco, não é aquele que cria problemas. O pior é se o faz em grupinhos ou fora do balneário. Esses sim, são os mais problemáticos e mais difíceis de identificar. Depois há o saber gerir a rotação de jogadores. Todos, mas todos devem perceber a mensagem que a qualquer momento podem entrar na equipa e o técnico deve dizê-lo vastas vezes, e em consequência, cumpri-lo. O pior que se pode fazer a um jogador é enganá-lo. Aí perde-se o atleta, o grupo sente isso e facilmente começa a desconfiar do treinador. Se isso acontecer, "adeus viola". Se, se cumprir com o prometido, o jogador sente que há coerência do discurso para a prática e trabalha sempre com a convicção, que mais cedo ou mais tarde, a sua vez chegará.

Um treinador deve ser o grande defensor do grupo. Ninguém, mas NINGUÉM, pode atingir o grupo de trabalho. Nem dirigentes, nem outros treinadores, nem mesmo um ou outro atleta. No dia em que o jogador pressentir que o treinador age a pensar em si, é o fim.

Que dizer ao intervalo de um jogo?
Nada, ou quase nada. O descanso é fundamental. Perder energias com discussões nos 10/15m do intervalo é desgastar física e psicologicamente a equipa. Os primeiros 5, 8m, devem ser de silêncio, descanso absoluto e hidratar os atletas. Com voz calma e em tom baixo, deve o treinador apontar um ou outro pormenor negativo ou positivo, sempre com uma palavra de compreensão ou até de reforço positivo. Se eventualmente quer mudar o sistema táctico, deverá simplesmente colocar em quadro as "peças" do novo modelo de jogo e relembrar o trabalho feito em treinos anteriores. Muito discurso e palavras sem fim, são informação a mais para tão curto período de tempo. O, ou os, jogadores substituídos nesta pausa, ou no decorrer da 1ª parte, devem, quanto a mim, merecer um palavra do treinador sim, mas no próximo treino. Justificar uma decisão opcional é dispensável, mais a mais quando a pausa é curta.

Um jogador nunca está acima do grupo.

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