terça-feira, 28 de outubro de 2008

ANTEVER E PREVER PARA VENCER

Semanalmente, é função de treinadores e atletas prepararem o jogo seguinte, com o intuito de o vencer. Trabalham com um objectivo, em função de determinado contexto, tendo em conta o próximo jogo/adversário. Contudo, razões de vária ordem levam-nos ao “stress” e à incerteza do comportamento, do acontecimento, da decisão e do resultado. Portanto, e simplificando a questão, nada melhor que preparar a equipa para menos incertezas, menos indefinições, menos stress e obviamente, mais e melhor rendimento. Uma das formas de lidar com a incerteza é usar a visualização do que vai acontecer, antevendo e prevendo os acontecimentos que possam surgir ao longo do jogo, em função do resultado e do contexto táctico-estratégico adoptado pelo adversário. Planeando estes acontecimentos e explorando a capacidade do “atleta pensante”, diminuímos de sobremaneira o grau de incerteza (de stress). Neste plano mental e táctico-estratégico do jogo (que também deve ser treinado), o treinador tem papel preponderante e fundamental. Hoje em dia, no futebol de rendimento superior e de top torna-se fundamental conhecer o adversário que se vai defrontar, o seu modelo de jogo predominante, as suas “nuances estratégicas”, os seus esquemas tácticos, as suas rotinas, os seus fundamentos defensivos, ofensivos e de transição, a sua organização colectiva e individual, e claro, analisar as características dos atletas mais evoluídos no contexto colectivo, caracterizando as suas acções predominantes. Antevendo e prevendo, realizando este planeamento/estudo sobre a equipa adversária, é seguir o caminho da certeza em detrimento da incerteza, da confiança em detrimento do stress, da vitória periódica em detrimento da vitória esporádica. Antevendo, prevendo, planeando e treinando em função do adversário seguinte (sem nunca descaracterizar o nosso modelo de jogo e trabalhando em função dele) é importante para vencer mais vezes e atingir níveis de rendimento superior. Mas não é só papel do treinador este “trabalho de casa” em relação ao adversário. O atleta pode e deve, adquirir por si próprio, dados e características referentes à equipa (no seu todo e nas suas partes) adversária, visualizando jogos e com base no seu conhecimento do jogo, preparar-se melhor para o jogo, antevendo acontecimentos, diminuindo incertezas. Preponderante na preparação de qualquer jogo da época será o nosso atleta saber o que faz em campo, para onde se desloca e porque se desloca, não correndo muito mas correndo bem, ocupando espaços e criando desequilíbrios. Isto só se consegue com o treino, com o exacerbar princípios e sub princípios do nosso modelo de jogo. O atleta está melhor preparado (diminuindo o seu grau de incerteza) se souber quais as suas tarefas de acção colectivas e individuais que tem de desempenhar no jogo, em consonância com o nosso modelo de jogo e em função de determinado adversário. E isto não se conseguirá correndo à volta do campo, subindo bancadas, saltando barreiras, contornando sinalizadores ou levantando barras de ferro. Isto adquire-se no campo, com o treino, em função dos objectivos e de um modelo de jogo definido pelo treinador. É portanto, tarefa do treinador, elucidar os seus atletas o mais cedo possível (no microciclo semanal de treino) relativamente às características e comportamentos da equipa adversária, pois uma equipa preparada e prevenida com antecedência, ficará mais próxima de alcançar os objectivos a que se propõe. Depois de conhecida a informação acerca do adversário, o atleta poderá começar a pensar e a visualizar como pode desempenhar as suas tarefas da melhor maneira. Ao treinador caberá a elaboração do “plano de jogo”, antevendo e prevendo os problemas que poderão suceder, preparando e planeando as soluções para as diferentes situações do jogo, não sendo surpreendido nem apanhado “desprevenido”. Uma equipa surpreendida e desprevenida é uma equipa em dificuldade. E para que não se pense (erradamente) que apenas as equipas que têm observadores ou “olheiros” podem fazer este tipo de planeamento, ao treinador que defronta aquele adversário pela primeira vez e/ou que não teve oportunidade de o observar antecipadamente, pede-se que nos primeiros instantes do jogo esteja ainda mais concentrado e atento à equipa adversária (não descurando os comportamentos da sua equipa) para que possa o mais rápido possível criar na sua mente um “plano de jogo” em função do modelo de jogo e do contexto táctico-estratégico adoptado pelo adversário, elucidando assim que possa, os seus atletas sobre os comportamentos do adversário. Em todo o processo, o mais importante somo nós, a nossa equipa, o nosso modelo de jogo e os nossos comportamentos colectivos (princípios e sub-princípios). É acreditar no que se treina, jogar de acordo com o que se treina e ser coerente. Contudo, não descuremos o adversário porque conhecendo-lhe as fraquezas poderemos torná-lo mais débil (escondendo também assim as nossas fraquezas) e derrotá-lo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Alongamento muscular, uma actividade importante.

O alongamento é uma forma terapêutica elaborada para aumentar o comprimento de estruturas moles de tecidos, os chamados músculos encurtados, e desse modo permitir a extensão da amplitude do movimento. Só para exemplificar, repare nos animais domésticos, especialmente cães e gatos: sempre que se levantam, depois de um período de repouso, esticam-se demoradamente antes de se começarem a movimentar.
Antes da prática da actividade desportiva, seja ela qual for, (e também ao seu término) os alongamentos são necessários para preparar a musculatura para um melhor desempenho físico ou para distribuir o sangue de maneira mais uniforme no tecido muscular. Esses exercícios proporcionam uma maior flexibilidade articular na execução dos movimentos.Na prevenção de lesões musculares - como a contratura e a distensão - o alongamento é parte obrigatória da rotina entre os atletas profissionais, amadores e iniciantes no futebol.

Para os jovens desportistas o condicionamento e a regularidade desta prática trazem a estes importantes benefícios. Tais como:
• Aumento da flexibilidade do corpo em geral.
• Prevenção no risco de lesões antes da prática desportiva.
• Prevenção de contraturas irreversíveis.
• Recuperação com maior rapidez da amplitude do movimento normal das articulações.
• Preparação do corpo para o esforço, evitando riscos aos músculos esqueléticos, tendões e articulações.
• Após a actividade física, alguns alongamentos recuperam os músculos mais exigidos e cansados e já preparam a musculatura para a próxima actividade.
Cuidados no alongamento:
• Para quem não está acostumado, é preciso começar com cautela e de maneira progressiva. Mas alongue sempre no início de cada actividade física.
• Excesso de carga nos alongamentos pode, em vez de prevenir, prejudicar.
• Na execução do movimento alongado, observe a postura corporal.
• Para regiões muito específicas, é necessária a orientação de um fisioterapeuta.
Atenções:
• Dores musculares, lombares e tensões musculares podem ser diminuídas com alongamentos, principalmente após os jogos, as actividades mais intensas e as brincadeiras.
• Os alongamentos, na medida em que relaxam, podem regular as actividades do corpo.
Sensação de corpo relaxado:
• Relaxamento, este é a primeira sensação após uma série de exercícios de alongamento.
• Facilidade na movimentação motora.
• Desenvolvimento da consciência corporal.
No alongamento, várias partes do seu corpo são focadas e você consegue entrar em contacto com elas.
• Auxilia na liberação dos movimentos bloqueados por tensões emocionais.
• Melhora e activa a circulação.

sábado, 11 de outubro de 2008

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO FUTEBOL

O futebol é uma das modalidades desportivas que apresenta a maior dificuldade para a sua caracterização com relação ao esforço físico requerido. Em provas como 100 metros rasos do atletismo ou a maratona é fácil definir, são desportos com predominância anaeróbica e aeróbica, respectivamente. Mas o futebol apresenta características particulares em cada movimento. O respeito pela multiplicidade expressiva do homem no futebol permitirá a "criação" de um modelo de jogador desenvolvido e sem carências gritantes. Por via das exigências analíticas é se forçado por vezes a separar o sujeito-atuante (motor), do sujeito-sentimento (afetivo) e do sujeito-pensante (cognitivo), mas não se poderá perder de vista a indissociabilidade de todas as vertentes que caracterizam o homem em situação, o homem como unidade, uno na sua diversidade.
O futebol é uma modalidade desportiva intermitente, com constantes mudanças de intensidade e actividades. A imprevisibilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais eficiente possível pelo que a maioria das actividades relacionadas com o futebol competitivo é de intensidade submáxima.
A principal via metabólica durante o futebol competitivo é a aeróbica e as respostas metabólicas são em geral análogas às encontradas nos exercícios de endurance. A maioria das actividades é composta de movimentos sem bola .
O futebol compreende vários tipos de deslocamentos, embora a caminhada e o trote sejam predominantes. É necessário treinar a capacidade de resistência aeróbica para que os jogadores possam se movimentar, durante os 90 minutos, com períodos de movimentos de alta intensidade, como acelerações em pequenas distâncias.
“O futebol é um jogo no qual as demandas fisiológicas são multifatoriais e variam durante a partida e encontra-se alta concentração de lactato sangüíneo e elevada concentração de amônia durante o período de jogo, fato que indica que ocorre maior metabolismo muscular e alterações iônicas e estas alterações levam à fadiga”.
“O futebol é caracterizado como exercício de alta intensidade intermitente e a relação entre o repouso e períodos de baixa e grande intensidades variam de acordo com o estilo individual de jogar, mas o mais importante é a posição de jogador em campo, já que o jogador corre aproximadamente 9-10 km por partida, sendo que entre 8 - 18% é na maior velocidade individual”.
A intensidade do exercício durante o jogo pode ser determinada pela distância percorrida. Pode-se definir o futebol como um desporto de endurance de intensidade alternada. Estudos feitos dizem-nos que o futebol é uma atividade predominantemente aeróbia, com somente 12% do tempo de jogo gasto com atividades que utilizam substratos energéticos anaeróbicos. Num Jogo somente 10 - 15% da distância total é percorrida sob a forma de sprint. Constata-se que o sistema anaeróbico alático é o principal sistema anaeróbico da modalidade. O futebol é um desporto com componentes anaeróbicos aláticos e láticos. Existem características fisiológicas específicas para essa modalidade desportiva. As posições específicas também apresentam características fisiológicas diferenciadas. É evidente que as demandas fisiológicas do futebol variam com a taxa de trabalho em diferentes posições.
Os jogadores devem-se adaptar às exigências do jogo para poderem competir num alto nível. Assim, a condição física dos atletas de elite pode indicar a demanda fisiológica do jogo. O estilo de jogar influencia nas demandas fisiológicas dos jogadores. As características que devem ser trabalhadas para se chegar ao profissionalismo são: resistência aeróbia, velocidade, força, flexibilidade, agilidade, composição corporal (percentil de gordura) e somatotipo. Está provado que os atletas de futebol possuem características físicas específicas por posição.O futebol exige resistência, velocidade, agilidade e força. O futebol exige uma série de capacidades, resistência, velocidade e força como princípios decisivos, mas também agilidade e flexibilidade. A resistência tem sua importância para desempenhar uma boa performance durante todo o jogo. A velocidade é necessária para percorrer as distâncias curtas o mais rápido possível. A ligação entre as capacidades é de extrema importância, como também entre a velocidade e a agilidade.Muitas qualidades são exigidas para uma boa performance de um jogador de futebol: destreza, força, velocidade de mobilidade articular e habilidade. Essas características independem da posição dos atletas. O futebol requer força, potência, velocidade, agilidade e resistência. Penso que, apesar da importância dessas capacidades, a velocidade é talvez a mais importante. O simples fato de essa capacidade estar em evidência pode mudar uma partida. A habilidade controlada com mudanças rápida de direção, parece ser uma característica inerente aos jogadores de futebol . O jogador deve possuir uma grande bagagem técnica, para que por meio da condição física possa estar apto a desenvolver estratégias e funções táticas. Portanto, observa-se que o futebol é um desporto que exige uma atenção muito grande com relação aos esforços realizados e conseqüentes utilizações das fontes energéticas.