sábado, 27 de setembro de 2008

O Treino

O planeamento do treino desportivo é um processo metodológico e científico para conduzir os praticantes a elevados níveis de performance.
Traduz-se num conjunto de linhas gerais e específicas que procuram direccionar e orientar a trajectória da preparação do praticante ou da equipa no futuro próximo.
Planear é um procedimento de prognóstico que tem como finalidade a elaboração de um plano. Este é, no essencial, um esboço teórico prévio, um programa que descreve como e em que condições poderá determinado objectivo ser alcançado, objectivo esse definido no quadro do próprio plano que se está a conceber.
O acto de planear não termina com o início da execução do plano, uma vez que deverá ser entendido como um processo contínuo e dinâmico integrando mecanismos intrínsecos de auto-avaliação que promovam adaptações constantes do plano.
O planeamento do treino desportivo exprime-se num modelo de praticante ou de jogo da equipa, o qual é consubstanciado a partir:
- Da análise dos praticantes ou das equipas no presente;
- Da concepção por parte do treinador (incluindo as tendências evolutivas da modalidade);
- Pela definição das orientações do trabalho;- E as vias para atingir os efeitos pretendidos.

NATUREZA DO PLANEAMENTO
A natureza do planeamento do treino desportivo exprime-se essencialmente no conhecimento claro do trajecto e da forma de preparação do praticante ou da equipa que se pretende implementar num futuro próximo.

OBJECTIVOS DO PLANEAMENTO

- Construir um modelo de organização do processo de treino do praticante ou da equipa, melhorando o seu rendimento desportivo;
- Delinear um trajecto, através da aplicação de programas de acção, capazes de atingir o modelo que se pretende num futuro, realizável o mais cedo possível;

Para atingir os objectivos traçados é necessário:
- Analisar os principais aspectos positivos e negativos dos praticantes ou da equipa no presente;
- Descrever de forma clara e profunda o modelo de praticante ou da equipa que se pretende atingir no futuro (com base nas concepções do treinador, nas tendências evolutivas da modalidade, e na comparação com as características dos praticante ou da equipa);
- Elaborar programas de acção que conduzam o processo de evolução do praticante ou da equipa para o modelo pré-determinado.

IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO
“O planeamento contribui para que no treino nada aconteça por acidente, mas por desígnio dotreinador.” Bompa (1994)
O planeamento é a arte de usar conhecimentos científicos na estruturação do processo de treino. É a mais importante ferramenta do treinador na condução de um programa de treino bem organizado, pois permite a eliminação do acaso.

Deve ser simples, sugestivo e flexível, para que seja possível modificá-lo de acordo com o progresso dos praticantes ou da equipa.

NÍVEIS DE PLANEAMENTO

O planeamento do treino desportivo pode ser analisado a 3 níveis:
- Planeamento conceptual.
- Planeamento estratégico.
- Planeamento táctico.

1) Planeamento conceptual.

Em traços gerais, baseia-se na teorização da prática, estabelecendo:
- Um sistema explicativo que engloba o máximo de factos observados dentro da realidade que lhe é própria, e paralelamente;
- Estabelece e objectiva as linhas gerais orientadoras, ou seja, os pontos de partida fundamentais que pretendem indicar o caminho para um processo de treino mais eficiente dos praticantes ou das equipas.

2) Planeamento estratégico.

A planificação estratégica traduz-se em modificações pontuais e temporárias da expressão táctica do praticante ou da equipa, em função das condições e da especificidade da próxima competição (o modelo de jogo, o espaço onde se irá desenrolar a competição, a relevância do resultado…).

O seu objectivo recai na criação de dificuldades adicionais aos adversários e vantajosas para o próprio praticante ou equipa. Contudo, apresenta alguns limites:

- O praticante ou a equipa não possuírem argumentos capazes para o aproveitamento das debilidades do adversário; ou
- As modificações pontuais e temporárias a introduzir serem de tal ordem que coloquem em causa o equilíbrio da nossa equipa.

Etapas do planeamento estratégico:


Recolha de dados;
Trata-se da compilação de informações necessárias para caracterizar o adversário (particularidades dos factores de treino, qualidade dos praticantes e do treinador), assim comodas condições onde será realizada a competição (qualidade do piso, tamanho do espaço de jogo…).

Comparação de forças;
Nesta etapa procede-se à comparação dos dados recolhidos com os existentes acerca dos nossos praticantes ou equipa. È importante, por exemplo, na determinação das adaptações a fazer no plano táctico, na atribuição de missões individuais, na escolha da equipa…

Elaboração do plano táctico-estratégico;
Após a comparação, o treinador determina os aspectos principais para o sucesso na competição. Por exemplo, determinando se o sucesso no jogo passa por uma postura mais ofensiva ou defensiva, pois terá reflexos na escolha da equipa que irá jogar, na distribuição de missões tácticas…
Reunião de reconhecimento do adversário;

Trata-se de dar a conhecer aos praticantes ou equipa os aspectos considerados mais pertinentes na organização do adversário, preparando-os para a competição.

Elaboração do programa de preparação para o ciclo de treino;

Nesta fase o treinador passa à concretização do programa de preparação do respectivo ciclo de treino, determinando por exemplo, o n.º de treinos, a sua duração, os exercícios mais eficazes e ainda programando uma prova/jogo-treino que servirá de teste.

Experimentação do plano táctico-estratégico;
Trata-se da realização de uma prova/jogo-treino onde se pretende validar o programa de preparação efectuado, ou mesmo modificá-lo se necessário.

Preparação da equipa nas horas que antecedem o jogo;
Este período tem a duração de 24/36 horas antes da competição e visa a focalização dos praticantes ou equipa para a competição (estágio, último treino, e aquecimento para a competição).

Reunião de análise do jogo;
É importante pois por um lado encerra o ciclo de preparação para a competição já realizada, e por outro lado abre um novo ciclo de preparação para a competição seguinte. É um momento fundamental na confirmação ou redefinição dos programas de acção estabelecidos, corrigindo os desvios ao modelo a atingir.

3) Planeamento táctico.

É a aplicação prática do planeamento conceptual e estratégico, procurando utilizar de forma racional e oportuna durante a competição a capacidade de rendimento do praticante ou da equipa em todas as suas vertentes (física, psicológica…) com vista à concretização dos objectivos pré-definidos.
Visa essencialmente a resolução eficaz dos problemas estabelecidos pelas constantes e variáveis situações de competição, de forma a concretizar os objectivos pré-estabelecidos para um determinado confronto.
Este planeamento táctico é levado a cabo durante a competição, e traduz-se na capacidade do treinador em estabilizar ou modificar comportamentos dos praticantes ou a equipas, adequando-os em função dos variados contextos em que as situações competitivas ocorrem (lesões, substituições, descontos de tempo, árbitro…).

Etapas do planeamento táctico:
Direcção durante a competição;

A concretização dos objectivos estabelecidos passa inevitavelmente pela hábil capacidade de direcção dos praticantes ou da equipa durante a competição por parte do treinador.Este deve filtrar as informações que considera pertinentes permitindo-lhe decidir de forma rápida e segura em função do resultado, das lesões, das substituições, do árbitro e dos adversários.


Direcção durante o intervalo da competição;

Nesta fase o treinador deve ter 2 grandes preocupações:i) recuperar os seus atletas e informá-los sobre certos ajustamentos ou alterações de forma a manter ou melhorar o seu rendimento.

Na preparação para a segunda parte, o treinador deve utilizar frases curtas, instruções claras, reforçar afirmações, repetir ou reestruturar missões tácticas. A exclusiva chamada de atenção para os erros cometidos não tem qualquer efeito positivo no comportamento dos praticantes.

Acções a ter em conta após a competição;

Após a competição, o treinador deve partilhar com todos o resultado da competição, fazer uma breve intervenção, desdramatizando a derrota ou refreando a vitória, rever as lesões e avaliar o desempenho dos praticantes ou da equipa, não confundindo o rendimento com o êxito ou fracasso.

sábado, 20 de setembro de 2008

OS ALONGAMENTOS

Os alongamentos são exercícios voltados para o aumento da flexibilidade muscular, que promovem o estiramento das fibras musculares, fazendo com que elas aumentem o seu comprimento. O principal efeito dos alongamentos é o aumento da flexibilidade, que é a maior amplitude de movimento possível de uma determinada articulação. Quanto mais alongado um músculo, maior será a movimentação da articulação comandada por aquele músculo e, portanto, maior a sua flexibilidade. Os alongamentos conseguem esse resultado por aumentarem a temperatura da musculatura e por produzirem pequenas distensões na camada de tecido conjuntivo que revestem os músculos.Tanto uma vida sedentária, como a prática de actividade física regular intensa, em maior ou menor grau, promovem o encurtamento das fibras musculares, com diminuição da flexibilidade. O exemplo mais completo de inactividade gerando perda de flexibilidade muscular é a imobilização de um membro após uma fractura. Por um tempo, ao retirar o gesso, por um período de tempo, ocorre a perda quase completa dos movimentos daquele membro. Quanto à actividade física, desportos de longa duração como corrida, ciclismo, natação, entre outros, fortalecem os músculos, mas diminuem a sua flexibilidade. Nos dois casos, a consequência directa desse encurtamento de fibras é a maior propensão para o desenvolvimento de problemas osteomusculares. Provavelmente, a queixa mais frequente encontrada tanto nos sedentários, como nos atletas, é a perda da flexibilidade provocando dores lombares, por encurtamento da musculatura das costas e posterior das coxas, associado à uma musculatura abdominal fraca. Com a prática regular de alongamentos os músculos passam a suportar melhor as tensões diárias e dos desportos, prevenindo o desenvolvimento de lesões musculares.É importante alongar adequadamente a musculatura logo antes de iniciar uma actividade física. Isso prepara os músculos para as exigências que virão a seguir, protegendo e melhorando o desempenho muscular. Além disso, como não é raro que a prática de exercícios provoque dores musculares 24 horas após o seu término, alongar-se imediatamente após o exercício reduz o aparecimento da Dor Muscular Tardia. Pela sua facilidade de execução, a maioria dos alongamentos podem também ser feitos, praticamente, a qualquer hora. Ao despertar pela manhã, no trabalho, durante viagens prolongadas, no autocarro, em qualquer lugar. Sempre que for identificada alguma tensão muscular, prontamente algum tipo de alongamento pode ser empregado para trazer bem-estar.Antes de mais nada, é importante aprender a forma correcta de executar os alongamentos, para aumentar os resultados e evitar lesões desnecessárias. Inicie o alongamento até sentir uma certa tensão no músculo e então relaxe um pouco, sustentando por 30 segundos, voltando novamente à posição inicial de relaxamento. Os movimentos devem ser sempre lentos e suaves. O mesmo alongamento pode ser repetido, buscando alongar um pouco mais o músculo, evitando sentir dor. Para aumentar o resultado, após cada alongamento, o músculo pode ser contraído por alguns segundos, voltando a ser alongado novamente. É a técnica chamada de alonga – contrai - alonga. De uma forma geral, sempre devem ser preferidos os alongamentos estáticos, em detrimento dos dinâmicos, que são o resultado de movimentos amplos e bruscos dos músculos. Ao contrário dos alongamentos estáticos, os dinâmicos, ou também chamados de alongamentos balísticos, propiciam o desenvolvimento de lesões musculares.