quarta-feira, 19 de novembro de 2008

QUANTIDADE E QUALIDADE

De que é feito um treino?

O que pretende um treinador com um treino?
Um ciclo ou microciclo semanal deverá obedecer a quê?
Como, porquê, quando?

Acredito piamente, que a grande maioria das pessoas não saibam como se prepara um treino. E nem têm que saber. Afinal, grande parte delas vão ao futebol não pelo gosto do jogo em si, mas para ver, única e exclusivamente, a sua equipa ganhar. Infeliz ou felizmente é assim...Depois de uma pré-época que pode ser preparada de 3 formas - Periodização Convencional ( quase em desuso), Periodização Táctica ( já teve melhores dias) e Periodização Mista ( a que se calhar terá neste momento mais seguidores, se bem que muitos treinadores não o queiram admitir, preferindo ser pós-moderno nas palavras, mas na prática continuam a dar os velhinhos 15 minutos de CC...) vem a competição. No início da competição sistematiza-se o modelo e dinâmica de jogo que foi testado na pré-época e nos jogos de preparação. Saliente-se a necessidade que um treinador tem de adoptar um plano B e/ou um plano C, já que nunca se sabe qual o grau de adaptabilidade da equipa em jogos competitivos a um só modelo. Não é ao fim de um primeiro jogo de um campeonato que se vê a eficácia, ou falta dela, do modelo. Por vezes, ganhar não significa sucesso, e perder não é sinónimo de erro. As contingências do jogo (é de um jogo que se trata) ultrapassam em muito a infiabilidade de qualquer processo. A partir da 1ª, 2ª semana de treinos já devem estar delineadas as folgas. No caso do futebol profissional, ou semi-profissional podem ser às 2ªs ou 3ªs feiras, partindo do princípio que se joga sempre ao domingo. Há quem prefira dar folga à 2ª, para com cabeça fria analisar o jogo, ou dar folga à 3ª, não como prémio, mas para no dia seguinte se rever os aspectos positivos e negativos, que naturalmente estarão ainda frescos na cabeça de cada um dos protagonistas do jogo. No futebol dito "amador" poderá haver 3 ou 4 treinos semanais, e jogando-se ao domingo, normalmente a folga é à 2ª feira.O que faz um treinador à 3ª feira, neste caso? Quase sempre discute o jogo anterior antes do treino. Ou no balneário ou no relvado/pelado. Depois de um aquecimento com bola, dá um treino virado essencialmente para a força e resistência. No 2º treino semanal prepração táctica para o jogo seguinte, podendo fazer várias equipas por sectores, e no fim um jogo formal, não obrigatorimente de 11x11. O último treino semanal - caso o faça por 3 vezes semanais - trabalhará a velocidade, as bolas paradas e a finalização.

Mas será assim tão simples a vida de um treinador? Lê-se esta "treta"e fica-se a saber como se treina uma equipa? Claro que não.

Um treino, um microciclo, deverá obedecer a uma preparação muito cuidada, muito bem pensada, em casa. Saber o que cada jogador deve fazer em determinado momento do treino e preparar-se também para os imprevistos que podem acontecer a qualquer momento. Ora sejam climatéricos, ora por os exercícios não estarem a resultar por qualquer razão, etc, etc. Os imponderáveis são comuns num treino.

Lesões, compreensão dos exercícios, mentalidade dos jogadores, pré-disposição para o treino, enfim, "n" situações que nos obrigam a ter sempre presente a possibilidade de o alterar pontualmente. Outra coisa muito, mas muito importante, são as cargas. Volume e intensidade são fundamentais. Mas quem as não souber dosear, pode ter consequências nefastas na vida de treinador. O tempo de repouso, o volume da carga, a intensidade do exercício devem ser ponderadas com todo o cuidado. Por fim, a conversa final depois do último treino. Os aspectos que correram menos bem durante a semana de trabalho, os aspectos positivos conseguidos, e a moralização do grupo para o próximo jogo. Ao contrário do que se possa pensar, os jogadores ao longo da semana percebem bem como o seu treinador quer que joguem ao domingo. Daí ser absolutamente desnecessário estar a "bater no ceguinho" quanto ao modelo ou dinâmica a utilizar.

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